sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

IV - La Cara al Vent (VII)

O primeiro público de Raimon era nutrido, naqueles inícios, pelos seus amigos e pelos amigos dos amigos: Raimon dá a conhecer "Al Vent" numa taberna de Valência, Casa Pedro, sob um cartaz que proibia cuspir, a blasfémia e "la palabra soez" e, isso sim, era um altar de confissão onde concelebravam Joan Fuster e Vicent Ventura. Depois, este público cresceria e tornar-se-ia massivo, de um milhar de pessoas, de milhares. Isso vai ser possível graças ao produto, cimento sine qua non, mas também porque cedo vão surgir ao novo cantor vias de difusão da sua arte; isso sim, em nenhum caso comparáveis às que se teriam aberto se tivesse feito o mesmo, exactamente o mesmo, em Castelhano.

Quando as canções de "Pele" começam a voar - metáfora calculada, porque não há voo livre sem vento - e, no fundo, ele se permite cobrar cachés simbólicos de quarenta duros - na moeda actual, um euro e quarenta cêntimos -, um dos seus companheiros universitários, Eliseu Climent, convence-o a reclamar-se de um "Ramon" mais antigo, e baptiza-o desde Llull, Ramon / Raimon, e da profusão do nome Raimon ao mundo dos trovadores. Suporte literário que não trai o nome que os pais lhe tinham dado com tão escassa sorte, mas, que muito pouco usaram para gritarem por ele: os de casa chamavam-no Ramonet e os amigos "Pele"; depois e todos, Raimon. Ramon praticamente nunca existiu.

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