sábado, 5 de janeiro de 2008

II - A Xàtiva, al Carrer Blanc (II)

Raimon vai ter de suportar a ideologia e a simbologia falangistas próprias da época. Mas, com o seu característico sentido de humor, achava piada. Quando cantava o hino da Falange Espanhola, “Cara al sol”, com o braço erguido comum do fascismo, Raimon picava o mestre que tinha à frente. Para responder às ejaculatórias políticas como mandavam as ordens, “España: una. España: grande. España: libre”, ele opunha: “España: una. España: dos. España: tres.” Não sabia bem porque é que o fazia, eram piadas habituais entre as crianças, que pouco tinham a ver com o contexto político. No entanto, estas piadas começavam a custar-lhe castigos.

Por causa de Primo, Raimon desencanta este contraste dilacerante: “Por el império hacia Dios, des del carrer Blanc de Xàtiva”, exclamação da canção “Al meu país la pluja”. Uma rua que leva o nome do calcário das fachadas, que Raimon evoca noutras duas canções: a "Cançó de la mare", de onde se extraiu o verso com que se intitula este capítulo: "He deixat ma mare / sola / a Xàtiva al carrer Blanc"; e em "L’única seguretat" diz: "Content tornaria a ser / el xiquet que va jugant, / absent, pel mig del carrer, / daquell meu carrer d’abans. / Carrer on jugàven tots, / els més petits i els més grans, / carrer de terra i de pols / que així era el carrer Blanc".


Raimon a l'Olympia - 1966


[A segunda canção foi primeiramente incluída neste disco ao vivo, gravado em 7 de Junho de 1966 e é essa que está disponível para ouvirmos na caixa de música, com a emoção sentida pelo público.]

Cançó de la Mare (o He Deixat ma Mare)

He deixat ma mare
sola
a Xàtiva al carrer Blanc. /
Deixei a minha mãe
Sozinha
Em Xátiva, na Rua Branca.


Ma mare que sempre
espera
que torne com abans. /
A minha mãe que sempre
espera
que eu volte como antes.


He deixat germans i amics
que em volen
i esperen, com ma mare,
que jo torne com abans. /
Deixei irmãos e amigos
Que me querem
e esperam, como a minha mãe,
que eu volte como antes.


He vingut ací
perquè crec que puc dir-vos,
en la meua maltractada llengua,
paraules i fets
que encara ens agermanen. /
Vim aqui
Porque creio que posso dizer-vos,
Na minha língua mal tratada,
Palavras e feitos
que ainda nos irmanam.


Paraules i fets
que encara ens fan sentir
homes entre els homes. /
Palavras e feitos
que ainda nos fazem sentir
Homens entre os homens.

Paraules i fets
que encara ens agermanen
en la lluita contra la por,
en la lluita contra la sang,
en la lluita contra el dolor,
en la lluita contra la fam. /
Palavras e feitos
que ainda nos irmanam
na luta contra o medo,
na luta contra o sangue,
na luta contra a dor,
na luta contra a fome.


En la sempre necessària lluita
contra el que ens separa
i ens fa sentir-nos
a tots nosaltres estranys. /
Na luta sempre necessária
contra o que nos separa
e nos faz sentir
a todos nós estranhos.

He deixat ma mare
i els meus germans. /
Deixei a minha mãe
e os meus irmãos.


He deixat els amics i la casa
i tots els que esperen
que jo torne com abans. /
Deixei os amigos e a casa
e todos os que esperam
que eu volte como antes.


I crec que he fet bé.
I crec que he fet bé. /
E penso que fiz bem.
E penso que fiz bem.


Jo sé, jo sé, jo sé, jo sé
que tornaré al carrer Blanc. /
Eu sei, eu sei, eu sei, eu sei
que voltarei à Rua Branca.


Però ara ací,
Però ara ací,
crec que també és ma casa,
i crec que puc dir-vos,
amb el cor obert,
a tots vosaltes: germans. /
Mas agora aqui,
mas agora aqui,
penso que também é a minha casa,
e penso que posso dizer-vos,
de coração aberto,
a todos vós: irmãos.

Germans.
Irmãos.


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