sexta-feira, 7 de agosto de 2009

VIII - Tu que m'escoltes amb certa por (VI)

Nos anos de 1970 e 1973, volta a dar grandes recitais para universitários. Primeiro na Faculdade de Direito da Universidade de Barcelona; depois, no Campus de Bellaterra.

1970 é um outro annus horribilis para as forças democráticas que lutam contra a ditadura. O Processo de Burgos, conselho de guerra no qual se pede pena de morte para seis militantes da ETA, junta um grande movimento de solidariedade e também uma imensa onda repressiva, com a promulgação de um novo estado de excepção. A liberdade tem de se equilibrar a caminhar pelo gume de uma enorme faca: "Todos os que sofreram / o peso da imensa bota / e a afiada espada / sabem o que é o medo", diz em "Contra la por" [Contra o medo], de 1968. Catalunha demonstra a sua solidariedade para com Euskadi; a massiva, na rua; a pessoal, acolhendo e escondendo bascos que fogem do seu território. Raimon era sensível à problemática basca e tinha já dedicado duas canções ao tema, "El País Basc" e "A un amic d'Euskadi".

["El País Basc" é uma das canções mais profundas e pesadas que Raimon compôs. A sua metáfora imponente fala o alfabeto da solidariedade e do grito pela justiça. Muito do peso está talvez nas 5 notas (!) que acompanham o texto. Se se critica a menoridade / simplicidade musical do Raimon dos primeiros tempos, que neste caso é mais que notória, tal dificilmente pode dizer-se da sua capacidade comunicativa, do seu poder de síntese enquanto narrador e do seu valor enquanto poeta. A versão desta canção de 1967, a 28ª na caixa de música, é das mais despidas e cruas, acentuando esse sentimento. Está incluída num Lp homónimo que compila as gravações (feitas, penso, em 1968) que Raimon fez para a série Inici da etiqueta Discophon, editado em 1971. Em 1999, este disco teve uma edição em Cd, pela Discmedi Blau, sob o nome "Dotze Cançons"]




Tots els colors del verd
sota un cel de plom
que el sol vol trencar.

Tots els colors del verd

en aquell mes de maig.
/

Todas as cores do verde

sob um céu de chumbo

que o sol quer romper.

Todas as cores do verde

naquele mês de Maio.


Portava el vent la força

d'un poble que ha sofert tant.

Portava la força el vent

d'un poble que ens han amagat.
/

Portava o vento a força

de um povo que sofreu tanto.
Portava a força o vento

de um povo que nos esconderam.


Tots els colors del verd

sota un cel ben tancat.
/

Todas as cores do verde
sob um céu bem fechado.


I l'aigua és sempre vida

entre muntanyes i valls.

I l'aigua és sempre vida

sota la grisor del cel.
/

E a água é sempre vida

entre montanhas e vales.

E a água é sempre vida
sob a cinza do céu.


Tots els colors del verd

en aquell mes de maig.
/

Todas as cores do verde

naquele mês de Maio.


És tan vell i arrelat,

tan antic com el temps

el dolor d 'aquella gent.

És tan vell i arrelat

com tots els colors del verd

en aquell mes de maig.
/

É tão velha e arraigada,
tão antiga como o tempo

a dor daquela gente.

É tão velha e arraigada
como todas as cores do verde
naquele mês de Maio.


Tots els colors del verd,

Gora Gora, diuen fort

la gent, la terra i el mar
allà al País Basc.
/

Todas as cores do verde,

Gora Gora, gritam forte
a gente, a terra e o mar
lá, no País Basco.

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