quinta-feira, 13 de agosto de 2009

VIII - Tu que m'escoltes amb certa por (IX)

No La Vanguardia a crónica do recital de Raimon no polivalente da Faculdade de Direito da Universidade de Barcelona, exemplo de uma notícia curta da época, dizia o seguinte:

Uns cinco mil estudantes, embora o número seja difícil de precisar, assistiram ontem ao meio-dia ao recital que Raimon deu na Faculdade de Direito da Universidade de Barcelona. No edifício e em diferentes lugares colocaram-se fotografias do cantor. Raimon, que actuava sem receber qualquer dinheiro, já há dois anos - mais concretamente desde Novembro de 1968 - que não dava um recital em Barcelona. Raimon dedicou algumas das 17 canções que interpretou ao comandante Ché Guevara, ao País Basco e a Joan Miró. Muitas das canções, e certas letras em especial, foram cantadas pelos estudantes que assim aplaudiam no final de cada intervenção. Alguns estudantes soltaram grandes cartazes. Os cartazes provocaram reacções de protesto por parte de alguns estudantes. Durante do decorrer do recital viu-se uma bandeira vermelha com a a foice e o martelo. Também se distribuíram exemplares do Mundo Obrero [diário do Partido Comunista, ilegal], entre outros panfletos. Apesar disso, o recital decorreu nos trâmites previstos e nos quais se baseava a autorização do director da Faculdade, que autorizou, como se sabe, o acto. No fim da canção número 17, Raimon saltou por uma janela que dava para a parte traseira da Faculdade, entrou num carro que estava estacionado e desapareceu com três pessoas que o acompanhavam. No recital estava o cantor Pi de la Serra. Sabe-se que o dinheiro das entradas era destinado a fazer face às necessidades económicas dos trabalhadores da empresa AEG Telefunken, de Tarrasa, que estão no desemprego devido a uns problemas com a empresa. À saída do recital os estudantes depararam-se com a presença de corpos da Polícia Armada. Um pequeno grupo deu gritos de "Liberdade!". Outros, posteriormente, tentaram manifestar-se nas proximidades da Faculdade. No entanto, a presença da força pública frustrou a acção.

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