A eles ["Tots els bons"] é dirigida um tipo de canção - "o meu canto quer ser plural com o perfume do mundo dos outros" - que nada tem a ver com a música moderna que se persiste como amestradora de mentalidades sociais, na linguagem marxista, alienação. Raimon explica que tipo de canção faz e a quem a dirige. Em "No em mou el crit", de 1966, traça uma metodologia ou poética. O motor da sua obra não são os tópicos da canção comercial, é a gente que luta, a começar pelos trabalhadores, esta marca de classe que atravessa de cima a baixo a obra raimoniana, e não esquece os que vão com medo aos seus recitais:
Raimon a l'Olympia - 1966
[Esta canção, a 29ª de Raimon na caixa de música, aparece registada pela primeira vez no disco ao vivo no Olympia. É essa mesma versão que podemos ouvir.]
No em mou al crit
ni ocells ni flors.
Tu, tu que treballes
de sol a sol.
Tu, tu que notes i vius
tota la por.
Tu em mous al crit,
ni ocells, ni flors. /
Não me movem ao grito
nem pássaros nem flores.
Tu, tu que trabalhas
de sol a sol.
Tu, tu que sentes e vives
todo o medo.
Tu moves-me ao grito,
não os pássaros ou as flores.
Tu, que estimant entre els homes
et deixen sol.
Tu, a qui el teu món nega
tot consol. /
Tu, que amando entre os homens
te deixam só.
Tu, a quem o teu mundo nega
todo o consolo.
No em mou al crit
ni ocells ni flors.
Un món que ja és ben viu
en altres llocs.
Un món que ací ofeguen,
però no mor.
No em mou al crit
ni ocells, ni flors. /
Não me movem ao grito
nem pássaros nem flores.
Um mundo que já é bem vivo
noutros lugares.
Um mundo que aqui asfixiam,
mas não morre.
Tu, tu que m'escoltes
amb certa por.
Tu em mous al crit,
no ocells, no flors. /
Tu, que me ouves
com certo medo.
Tu moves-me ao grito,
não os pássaros ou as flores.
Tu em mous al crit.
Tu em mous al crit.
Sem comentários:
Enviar um comentário