segunda-feira, 8 de setembro de 2008

VI - En tu estime el món - (I)

As primeiras canções de amor que Raimon comporia datam de 1965. E enumera-as: "Cançó d'amor núm. 1: En tu estime el món", C"ançó d'amor núm. 2: Treballaré el teu cos", "Cançó d'amor núm. 3: Si un dia vols", e "Cançó d'amor núm. 4: No sé com". Com a primeira e "En el record encara" edita um disco simples e canta-as frequentemente nos concertos, porque a ditadura não está para brincadeiras e censura as temáticas mais sociais.

O Epê "Cançons d'Amor" (1965, Edigsa)

[A canção que dá título a este capítulo,
"En tu estime el món",
é a 18 canção de Raimon na caixinha de música.
A versão que podemos ouvir foi extraída da Integral. Edició 2000.]


En tu estime el món,
la terra i la gent d'on véns,
en tu estime.

I sé que en tu és més fort el dolor
i més intensa l'alegria de viure,
i és en tu on creix la vida
i és en tu on em sent lliure.

En tu estimaria fins i tot
l'absurda vinguda de la mort,
i és en tu que estime
les dolces dimensions del teu cos.

En tu estime el món,
la terra i la gent d'on véns,
en tu estime, en tu,
perquè a tu t'estime,
en tu, en tu, en tu...

/

Em ti amo o mundo,
a terra e a gente de onde vens,
em ti amo.

E sei que em ti é mais forte a dor
e mais intensa a alegria de viver,
e é em ti onde cresce a vida
e é em ti onde me sinto livre.

Em ti amaria até
a absurda chegada da morte,
e é em ti que amo
as doces dimensões do teu corpo.

Em ti amo o mundo,
a terra e a gente de onde vens,
em ti amo, em ti,
porque te amo a ti,
em ti, em ti, em ti...


Um ano antes tinha conhecido Annalisa Corti. Há aqui uma relação de causa-efeito e uma relação pessoal que dura até hoje e que até hoje se materializou em dezassete temas, recolhidos no disco Les Cançons d'amor (1999).
Raimon e Annalisa conheceram-se em Outubro de 1964. Era amiga de amigos e achou-se a recepcioná-la no aeroporto de Manises uma tarde livre do serviço militar. Passaram alguns dias a encontrar-se. Ambos estavam, nas palavras de Raimon, "meio embrulhados", mas mais ela que ele, porque Raimon mudaria rapidamente de rumo e poria o leme em direcção ao porto de Óstia. Annalisa nasceu em Óstia em plena II Guerra Mundial. Tinha então vinte e dois anos, tinha mesmo acabado concluir o curso de Direito e era militante do Partido Comunista Italiano.

Amor e ausência combinam poeticamente muito bem, e Raimon espremeria o binómio nos textos mencionados, enquanto reabilitava um género que era castigado e maltratado pela canção mais comercial. Amores e amizades tinham sido o leitmotiv da música popular e quando parecia mesmo que aquilo era um processo de degradação irreversível, entra Raimon no espaço da mais difícil intimidade lírica e devolve realmente o nome a cada coisa, para dizê-lo espriuanamente.

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