terça-feira, 28 de julho de 2009

Uma pausa com "Les Hores Guanyades"

Raimon, "Les Hores Guanyades", 306 pp.
Colecção Cara i Creu, nº37, Edicions 62 S.A.
Barcelona, 1983
ISBN 84-297-2007-3


Em 1983, Raimon publica um diário que manteve de 15 de Dezembro de 1980 a 22 de Dezembro de 1981. Entre reflexões, leituras, crónicas do dia-a-dia, encontros com amigos e família, as viagens para apresentações, colóquios, para férias, o assunto central - e fio condutor da narrativa - é a regravação que o cantor estava a fazer de todas as suas canções. A obra resultante foi, como é sabido, o conjunto de 10 élepês que levou o nome "Raimon, totes les cançons", lançado pela editora barcelonesa Belter em 1981.

A maioria das canções de estúdio que podemos encontrar na Integral.2000 dizem respeito a essas gravações. Incluindo a última canção que vos trouxemos.
No artigo anterior aludimos - opinião pessoal - à "roupagem" pouco eficaz da primeira versão de "Inici de Càntic".
É sobre as canções, regravadas, de Salvador Espriu que nos fala Raimon:


"Já estão misturados os dois elepês de Espriu. Estou muito contente com o trabalho do Antoni [Ros Marbá, orquestrador]; ele contou-me que também está contente com a nossa colaboração, que foi muito intensa este mês. As Cançons de la Roda del Temps formam um corpo compacto, brilhante, sem fissuras, sem quebras de qualquer espécie. O outro élepê é um bocadinho mais irregular e dele se destacam muito "He Mirat Aquesta Terra" e "Inici de Càntic". Espriu ainda não as ouviu. Tenho muita vontade de lhas dar a ouvir. Espero "emocioná-lo", porque o resultado artístico, nestes dois discos sobre os seus poemas, é realmente brilhante. O facto de que o Antoni tenha seguido todo o processo de gravação da música instrumental, que o tenha conduzido ele, acabou por conseguir o melhor dos músicos, e isso nota-se no resultado final."
14 de Outubro de 1981

"Salvador Espriu ouviu os dois elepês feitos sobre os seus poemas. Ouvimo-los juntos no seu apartamento no sábado, 14 de Novembro. Desde as 11:30 da manhã até quase às 2 da tarde falámos e ouvimos as canções. A impressão é que lhe agradaram e o surpreenderam positivamente. Vivi uns momentos de emoção. Perante a sua sincera aprovação do que fiz com os seus poemas, senti-me contente, um bocadinho orgulhoso e bastante satisfeito. Por uns instantes senti a alegria de ter feito um bom trabalho."

15 de Novembro de 1981


No próximo artigo retomaremos o livro de Antoni Batista, La Construcció d'un Cant.

Sem comentários: