Contra a Ideia da Violência, a Violência da Ideia (1973)
O blogue A Cantiga foi uma Arma não tem o objectivo dos média: fazer tábua rasa do passado, na busca da desmemória completa e da desorientação que nos leva ao alheamento que nos põe a "funcionar mesmo bem".
Por isso, hoje temos por cá o Luís Cília. Se os média já o desprezam, porque haveríamos ter comportamento semelhante?
Sei que me esperas
Sei que me esperas lutas e confias
na minha voz subterrânea de combate
na força dos meus gritos de rebate
na coragem das minhas agonias
Sei que me esperas nas ruas ou vielas,
nas aldeias, no mar ou nas cidades,
em todos os lugares em que haja celas,
olhos petrificados de ansiedades
Anda comigo, vou falar da esperança
da vida que ainda agora principia
Perde essa amarga e vã desconfiança
toma a minha mão de amigo e confia
Anda comigo, eu canto as tuas dores
sou mais poeta sendo teu irmão
nesta densa floresta sem flores
o sangue e a alma são o mesmo pão
Quando as verdades forem as que amamos
no silêncio do nosso pensamento
e a força que nos guia o movimento
ganhar a paz que tanto desejamos
Quando rufarem todos os tambores
Anunciando a grande cavalgada
e os heróis coroados de flores
cantarem a vitória desejada
Vamos colher o trigo semeado
cantar a vida pelos campos fora
A pouco e pouco vai nascer a aurora
e é muito urgente estarmos lado a lado