Um outro artista amigo, além de Alfaro, para quem Raimon compôs uma canção, é o pintor Joan-Pere Viladecans. Joan-Pere Viladecans e Raimon conheceram-se no ano de 1969, com Salvador Espriu a ligá-los. Viladecans fez a sua primeira exposição, na antiga Sala Gaspar, como desenhos sobre textos das "Cançons de la roda del temps". Depois, Viladecans acabaria por fazer capas de livros de Espriu e unia-os uma muito forte amizade. Espriu considerava Raimon e Viladecans de alguma forma como os seus "filhos espirituais". Raimon cantou assim Viladecans:
[A 16ª canção de Raimon na caixa de música, "Com una mà",
é a versão que podemos encontrar no terceiro disco da Integral de 2000]
Com una mà,
la vida estesa
al teu davant.
A tu es lliurava
sense malícia. /
Como uma mão,
a vida estendida
à tua frente.
A ti se rendia
sem maldade.
Tot aquell temps
t'havia fet
com una mà
la vida estesa. /
Todo aquele tempo
te tinha feito
como uma mão
a vida estendida.
Et capbussaves
de ple, turgent
enmig dels altres,
i xop de món
et veies viu. /
Mergulhavas
fundo, inchado
no meio dos outros
e empapado do mundo
te vias vivo.
Vint anys de temps,
que són no res
-diuen els savis-,
i aquella mà
anà tancant-se
molt lentament
però obstinada. /
Vinte anos de tempo,
que não são nada
-dizem os sábios-,
e aquela mão
irá fechando-se
muito lentamente
mas obstinada.
Retruny ben fort
allò que abans
en deien ànima,
creure no vol
el que el teu cos
avui constata,
exasperada
i aïrada
no es resigna;
espera encara
l'esclat potent
d'aquesta vida.
Segura està. /
Retumba forte
o que antes
chamavam alma,
crer não quer
o que o teu corpo
hoje constata,
exasperada
e desgarrada
não se resigna;
aguarda ainda
a luz potente
desta vida.
Firme está.
"No és Possible el Que Visc" (Lp 1974, BASF), de Pi de la Serra
Capa da autoria de Viladecans.
Capa da autoria de Viladecans.