quarta-feira, 19 de agosto de 2009

VIII - Tu que m'escoltes amb certa por (XI)

Mas ficarmo-nos pelos recitais que ficaram gravados na memória colectiva seria cortar muito a eito. Raimon faz mais de uma centena de recitais por ano, e percorre toda a geografia dos Países Catalães. Canta nos lugares mais inverosímeis e aproveita todas as datas, a festa maior, os encontros, a comemoração de algum acontecimento cultural. O programa de mão da actuação de Raimon na Festa Major de Terrassa, a 5 de Julho de 1971 dizia:

Depois dos seus últimos êxitos em Itália temos Raimon entre nós.
Faz quase três anos que não o víamos actuar aqui em Terrassa.
Hoje, em plena Festa Major, poderemos ouvi-lo.

Por isso mais que nunca nos sentimos acompanhados a seu lado, abrigados pelas suas canções e pela sua mensagem.
A sua autenticidade, o seu amor para com os oprimidos, assim mesmo o ouviremos, podemos repetir: é tão grande artista como lutador e o seu canto é a síntese destes dois ingredientes: Arte e Luta.

É de muito especial relevância para este capítulo o recital que Raimon protagoniza no Palau dels Esports de Barcelona, a 30 de Outubro de 1975. Franco estava na cama e a oposição não sabia nem o que fazer nem como se mexer, momentos de grave indecisão semelhantes aos que se repetiriam na noite de 23 de Fevereiro de 1981, durante a tentativa de Golpe de Estado. A ditadura queria perpetuar-se e tinha reactivado as piores impulsos da sobrevivência a qualquer preço. Passavam-se apenas trinta e três dias que tinham sido executados cinco militantes antifranquistas, um deles, Juan Paredes, "Txiki", em Cerdanyola, e todos as forças de segurança e do exército estavam em alerta máximo. [*]


[*] - Foi depois dessas execuções que, cá, em 27 de Setembro, houve o saqueamento da embaixada espanhola por uma população enfurecida.
Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril

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