sábado, 28 de julho de 2007

Te recuerdo, Amanda

Single de 1969, com as canções "Plegaria a un labrador" e "Te recuerdo, Amanda"

Para hoje, um dos maiores cantores, Víctor Jara. Não devemos esquecer o que lhe fizeram. Nem os responsáveis, nem seus ajudantes. Em nome da "democracia".
Um tema em que o amor e a luta se unem. Em 1974, Raimon gravou-a em catalão, no seu disco "A Victor Jara".


Te recuerdo, Amanda, / Et recorde Amanda
la calle mojada, / els carrers mullant-se
corriendo a la fábrica / anant a la fàbrica
donde trabajaba Manuel. / allà on treballava Manuel.

La sonrisa ancha, / El somriure ample
la lluvia en el pelo, / la pluja a la cara
no importaba nada, / res no t'importava
ibas a encontarte con él. / perquè et trobaries

Con él, con él, con él, con él. / Amb ell, amb ell, amb ell.
Son cinco minutos. / Només una estona,
La vida es eterna en cinco minutos. / la vida és eterna en aquesta estona.
Suena la sirena. / Sona la sirena.
De vuelta al trabajo / Torna a la faena
y tœ caminando lo iluminas todo, / i tu caminaves tot ho il·luminaves
los cinco minutos te hacen florecer. / i la curta estona et va fer florir.

Te recuerdo, Amanda, / Et recorde Amanda
la calle mojada, / els carrers mullant-se
corriendo a la fábrica / anant a la fàbrica
donde trabajaba Manuel. / allà on treballava Manuel.

La sonrisa ancha, / El somriure ample
la lluvia en el pelo, / la pluja a la cara
no importaba nada, / res no t'importava
ibas a encontarte con él. / perquè et trobaries

Con él, con él, con él, con él. / Amb ell, amb ell, amb ell.
que partió a la sierra, / que marxà a la serra
que nunca hizo daño. / que gens de mal feia.
Que partió a la sierra, / que marxà a la serra,
y en cinco minutos quedó destrozado. / i en ben poca estona ells el destrossaren
Suena la sirena, / Sona la sirena
de vuelta al trabajo / torna a la faena,
muchos no volvieron, / molts no tornaren,
tampoco Manuel. / tampoc el Manuel.

Te recuerdo, Amanda, / Et recorde Amanda
la calle mojada, / els carrers mullant-se
corriendo a la fábrica / anant a la fàbrica
donde trabajaba Manuel. / allà on treballava Manuel.

domingo, 22 de julho de 2007

Canção da Cidade Nova

Lp "Canções da Cidade Nova", 1970


Esta canção, tão triste e tão bonita ao mesmo tempo, é daquelas que dificilmente nos deixam apáticos. Da autoria de Fernando Melro, baseada na Bíblia, vem para nos reafirmar que a esperança será sempre um fiel companheiro na luta pela liberdade e pela justiça. Está incluída no único álbum de Francisco Fanhais, que ainda hoje a canta, com a mesma frescura de voz e actualidade do tema que tinha quando a registou.


Ó navegante do mar do medo
Ouve um instante o meu segredo,
Ó caminhante da noite fria
Ouve um instante minha alegria:

Ao longe longe já aparece
Uma cidade que resplandece
Ao longe longe o sol já vem
Eu já alcanço Jerusalém.

Virá o pobre do mundo inteiro
Há pão que sobre e sem dinheiro
Há pão e vinho em abundância
E o seu caminho é sem distância

Não tem distância esta cidade
Senão o medo que nos invade
Cantai comigo que o sol já vem
Eu já alcanço Jerusalém

Se o mundo cança de tanta guerra
Uma criança nasceu na terra
Um dia novo ela nos traz
Dará ao povo a flor da paz

Surgi depressa que não é cedo
Cantai comigo irmãos do medo
Cantai comigo que o sol já vem
Eu já alcanço Jerusalém

Hoje um menino venceu a morte
Nasceu franzino mas é Deus forte
Será chamado Emanuel
E sustentado de leite e mel

De longe chegam os povos
Vindo à procura de tempos novos
Cantai comigo que o sol já vem
Eu já alcanço Jerusalém

sábado, 14 de julho de 2007

La poesía es un arma cargada de futuro

Paco 2 (1967)

Eis talvez o texto com que poderíamos ter começado este blogue.
Gabriel Celaya verteu-o assim, em 1955, num tempo de acordar. Paco Ibañez, talvez o maior trovador vivo, musicou o poema e gravou-o em 1967, logo a começar o seu segundo álbum.
Penso que não é preciso traduzir, pois a sua grande riqueza poética é visceral - não precisa de traduções.


Cuando ya nada se espera personalmente exaltante,
más se palpita y se sigue más acá de la conciencia,
fieramente existiendo, ciegamente afirmando,
como un pulso que golpea las tinieblas,
que golpea las tinieblas.

Cuando se miran de frente
los vertiginosos ojos claros de la muerte,
se dicen las verdades;
las bárbaras, terribles, amorosas crueldades,
amorosas crueldades.

Poesía para el pobre, poesía necesaria
como el pan de cada día,
como el aire que exigimos trece veces por minuto,
para ser y en tanto somos, dar un sí que glorifica.

Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
decir que somos quien somos,
nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.
Estamos tocando el fondo, estamos tocando el fondo.

Maldigo la poesía concebida como un lujo,
cultural por los neutrales, que lavándose las manos
se desentienden y evaden.
Maldigo la poesía de quien no toma partido,
partido hasta mancharse.


Hago mías las faltas. Siento en mí a cuantos sufren.
Y canto respirando. Canto y canto y cantando
más allá de mis penas,
de mis penas personales, me ensancho,
me ensancho.

Quiero daros vida, provocar nuevos actos,
y calculo por eso, con técnica, que puedo.
Me siento un ingeniero del verso y un obrero
que trabaja con otros a España,
a España en sus aceros.

No es una poesía gota a gota pensada.
No es un bello producto. No es un fruto perfecto.
Es lo más necesario: lo que no tiene nombre.
Son gritos en el cielo, y en la tierra son actos.

Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
decir que somos quien somos,
nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.
Estamos tocando el fondo, estamos tocando el fondo.

sábado, 7 de julho de 2007

Prá Não Dizer que Não Falei das Flores (Caminhando)

Compilação homónima (edição portuguesa), lançada em 1980, com a tema de hoje (ao vivo e em estúdio)

Geraldo Vandré tem uma canção que é um sempiterno hino pacifista. Esta canção foi primeiramente gravada no Estádio do Maracanã, em 1968 (mas proibida pelo regime, pelo que só foi editada 12 anos mais tarde). Francisco Fanhais chegou a gravá-la ao vivo, no disco República (disco conjunto com José Afonso editado apenas em Itália, dificílimo de encontrar).


Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Somos todos iguais braços dados ou não,
Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
Caminhando e cantado e seguindo a canção

[refrão]
Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer,

Pelos campos há fome em grandes plantações,
Pelas ruas marchando indecisos cordões,
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão,
E acreditam nas flores vencendo o canhão.

Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer,

Há soldados armados, amados ou não,
Quase todos perdidos de armas na mão,
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão,

Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer,

Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
Somos todos soldados, armados ou não,
Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Somos todos iguais, braços dados ou não.

Os amores na mente, as flores no chão,
A certeza na frente, a história na mão,
Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Aprendendo e ensinando uma nova lição:

Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.